O Corvo e a Raposa
(Gabiru Literatura, versão baseada na de Bocage, a seguir)
Conta-se que estava o corvo
Num galho empoleirado,
Com um queijo, sem estorvo,
No bico atravessado.
De longe, com arguto faro,
Veio a raposa matreira,
E em tom meio raro,
Lhe falou desta maneira:
“Caro corvo, meu bom dia singelo.
Que plumagem deslumbrante!
E será teu canto tão belo,
Como o da fênix impressionante?
Na pressa de se exibir
O corvo muito animado,
Abriu o bico sem refletir.
E lá se foi o queijo cantarolado.
"Vale um queijo a lição,
Guarde esta para o teu uso".
(BOCAGE, 1765-1805)
O Galo e a Raposa
(J. I. de Araújo)
Empoleirado num sobreiro antigo,
Fazia um velho galo sentinela.
Uma raposa disse-lhe "Irmão e amigo,
Venho trazer-te uma notícia bela.
Desce, que quero dar-te estreito abraço
Características da Raposa nas Fábulas de La Fontaine:
Astuta e Enganadora: A raposa é conhecida por ser inteligente e usar truques para enganar outros animais, como o corvo na famosa fábula "O Corvo e a Raposa". Ela é especialista em manipular situações a seu favor, usando elogios falsos, promessas vazias e outras artimanhas.
Charmosa e Persuasiva: La Fontaine retrata a raposa como uma figura que consegue convencer e persuadir com palavras doces e atitudes que parecem gentis, mas que escondem intenções egoístas.
Oportunista: A raposa é uma oportunista nata, sempre à procura de uma chance para tirar proveito das fraquezas dos outros. Ela está sempre de olho em uma oportunidade para se beneficiar sem precisar trabalhar duro.
Símbolo de Prudência e Malícia: Nas fábulas, a raposa ensina sobre a importância de ser cauteloso e não confiar cegamente nas intenções alheias. Ela representa a malícia e a prudência que os seres humanos também devem adotar para evitar cair em armadilhas.
Imagem Visual da Raposa:
Visualmente, a raposa é retratada com traços clássicos: pelagem avermelhada ou laranja, cauda farta e felpuda, olhos astutos e orelhas pontudas. Ela é muitas vezes desenhada com uma expressão sorridente ou maliciosa, indicando sua personalidade astuta. Nos desenhos, a raposa aparece esbelta, ágil e sempre em posição de alerta ou em ação, como se estivesse tramando algo.
Em resumo, nas fábulas de La Fontaine, a raposa é mais do que um simples animal; ela é uma metáfora para o comportamento humano, mostrando que a astúcia e a esperteza, se usadas sem escrúpulos, podem trazer vantagens temporárias, mas também podem levar a consequências negativas para si e para os outros.
Monteiro Lobato (1882-1948) publicou em 1922, Fábulas, um livro escolar no qual deu nova roupagem a várias fábulas de Esopo, Fedro e La Fontaine. Lobato não se limitou a traduzir e adaptar fábulas clássicas, ele as reescreveu, usando elementos bem brasileiros, onomatopeia e outros recursos poéticos que agradam as crianças.
Inovador e irreverente para a época, Monteiro Lobato, às vezes, invertia a célebre moral da história, como na sua versão da fábula A Cigarra e a Formiga, que ele denominou A Cigarra e as duas Formigas, arrematada com a frase "Os artistas - poetas, pintores, músicos - são as cigarras da humanidade." (veja aqui o post atualizado)
O tom jocoso (sobre alguma autoridade da época) lhe trouxe críticas e dissabores dos adultos, mas também lhe garantiu a afeição das crianças.
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