Lenda antiga
O imperador Carlos Magno, já em avançada idade, apaixonou-se
por uma donzela alemã. Os barões da corte andavam muito preocupados vendo que o
soberano, entregue a uma paixão amorosa que o fazia esquecer sua dignidade
real, negligenciava os deveres do Império. Quando a jovem morreu subitamente,
os dignitários respiraram aliviados, mas por pouco tempo, pois o amor de Carlos
Magno não morreu com ela. O imperador mandou embalsamar o cadáver e
transportá-lo para sua câmara, recusando separar-se dele. O arcebispo Turpino,
apavorado com essa paixão macabra, suspeitou que havia ali um sortilégio e quis
examinar o cadáver. Oculto sob a língua da morta, encontrou um anel com uma
pedra preciosa. A partir do momento em que o anel passou às mãos de Turpino,
Carlos Magno apressou-se em mandar sepultar o cadáver e transferiu seu amor
para a pessoa do arcebispo. Turpino, para fugir àquela embaraçosa situação, atirou
o anel no lago de Constança. Carlos Magno apaixonou-se então pelo lago e nunca
mais quis se afastar de suas margens.
(In: CALVINO, Ítalo. Seis
propostas para o próximo milênio. São Paulo, Companhia das Letras, 2000, p.
45)
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A coroação de Carlos Magno(vídeo RTP Tv) |
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