Leitura 6 - Minha Mãe tem Visão de Raio-X - Angela McAllister & Alex T. Smith


Minha Mãe tem Visão de Raio-X é um livro divertido que privilegia o ponto de vista da criança: explora a espontaneidade e os mistérios que cercam suas descobertas. Brinca com as deduções do protagonista, o pequeno Nino (na versão em português, ou Milo, no original, em inglês), que confirmam (ou não) os poderes de sua mãe para adivinhar o que ele está fazendo. E é este enredo de mistério que encanta os leitores.
 
O título mantém o nível de tensão desde o início e desperta a curiosidade do leitor para desvendar o mistério sobre a mãe do protagonista.


ilustrações assumem papel central: ora vão além do texto, na caracterização das personagens e de algumas cenas, ora reforçam a arquitetura da narrativa de mistério, na divisão da página e no enquadramento segmentado para produzir efeito de simultaneidade e valorizar o suspense. O humor leve fica por conta do contraste entre o ponto de vista da criança e o do adulto.
A acumulação de cenas é a técnica na qual se assenta a hipótese do protagonista, sobre os super-poderes de sua mãe.
Letras de diferentes tipos e tamanhos reforçam as ações da criança em sua imaginação, assim como o clima dos diálogos: as ordens da mãe, por exemplo, bem maiores do que as demais, em caixa alta e negrito.
O curioso é que enquanto Nino testava sua hipótese (escondendo-se dentro do armário, para ver se sua mãe o enxergava através da porta)
ela estava salvando a vizinha de uma queda, como uma super-heroina, mas isso Nino não viu, só o leitor e transeuntes sabem:
Nesse sentido, o título My Mum Is a SuperMum tem mais aderência à história do que o título My Mum Has X-Ray Vision, o que é reforçado pelas páginas duplas, no começo:
e no final do livro, onde aparece o "Relatório de evidências super-heroicas do agente Nino" com o desenho da mãe em ambos os papéis:
Cover Image
De qualquer modo, seja qual for o título, o livro é adorável e mantém intactos o ponto de vista da criança e a brincadeira de mistério com o leitor.
Por fim e não menos importante, as características impressas nas imagens dos protagonistas comprovam que o direito de representatividade dos negros na literatura infantil (tanto quanto outros direitos) não precisa sacrificar a arte da narrativa, nem colocar a literatura a serviço de discursos ("politicamente correto", anti-racista, etc). Deste modo, os efeitos serão mais efetivos e duradouros.
Ouça este livro no canal do Youtube de A Contadora de Estórias

No blog My Book Corner há elogios ao livro e indicações de atividades. Reproduz ainda o vídeo de Kimberley Walsh contando esta história cativante no programa CBeebies - BBC de 2010:

Comentários